21/04/2010
A Origem do Mundo
Bill Evans Blue in Green
De manhã, apanho as ervas do quintal. A terra,
ainda fresca, sai com as raízes; e mistura-se com
a névoa da madrugada. O mundo, então,
fica ao contrário: o céu, que não vejo, está
por baixo da terra; e as raízes sobem
numa direcção invisível. De dentro
de casa, porém, um cheiro a café chama
por mim: como se alguém me dissesse
que é preciso acordar, uma segunda vez,
para que as raízes cresçam por dentro da
terra e a névoa, dissipando-se, deixe ver o azul.
Nuno Júdice, in "Meditação sobre Ruínas"
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
2 comentários:
Graças a você, é o segundo poema de Nuno Júdice que leio hoje, ambos excelentes. Vou procurar conhecer melhor seus versos.
Nuno Júdice é excelente poeta. Belo exemplo aqui de sua poesia.
Enviar um comentário