28/05/2010

Movimento Perpétuo


Movimento Perpétuo - Carlos Paredes


Quando por fim as árvores
se tornam luminosas; e ardem
por dentro pressentindo;
folha a folha; as chamas
àvidas de frio:
nimbos e cúmulos coroam
a tarde, o horizonte,
com a sua auréloa incandescente
de gás sobre os rebanhos.

Assim se movem
as nuvens comovidas
no anoitecer
dos grandes textos clássicos.

Perdem mais densidade;
ascendem na pálida aleluia
de que fulgor ainda?
e são agora
cumes de colinas rarefeitas
policopiando à pressa
a demora das outras
feitas de peso e sombra.


Carlos de Oliveira, de Pastoral, 1976
in Século de Ouro -Antologia Crítica da Poesia Portuguesa do Século XX

4 comentários:

Evangelina Prieto disse...

Gracias por tus palabras. Qué bellos versos.
Un abrazo

Gerana Damulakis disse...

A sua percepção para a poesia faz com que ganhemos presentes aqui.

cduxa disse...

Gerana, agradeço as suas (sempre atentas) leituras e comentários.

Spartacus disse...

muito bom
um abraço até mais

Dalton Rocha