10/05/2011

Ilha do Príncipe

«Suave, doce, lânguida ilha
De transparências súbitas»
Ruy Cinatti


A ilha do príncipe que o Ruy Cinatti amou
Surgia devagar
E ele debruçado na amurada do navio
A viu emergir dos longes da distância
No lento aproximar
Flor que desabrocha à flor do mar
Entre alísios vidros e neblinas
Na salgada respiração da vastidão marinha
Na transparência súbita

Eu cheguei mais tarde no ronco do avião
Na bruta rapidez
Porém também eu me banhei nas longas ondas
Das praias belas como no princípio do mundo
E atravessei o verde espesso da floresta
E respirei o perfume da ocá recém-cortada

Sophia de Mello Breyner Andresen
Antologia - Mar
Selecção e organização de Maria Andresen de Sousa Tavares
Caminho

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