13/11/2011

Há um limite para se ser profundo

Há um limite para se ser profundo. Há um limite para se ser subtil. Há um limite para se ser bom observador. Nós temos de nos mover num mundo de limites para a viabilidade de se ser. O limite da profundeza é a escuridão. O da observação é o do microscópio electrónico. Mas tudo no homem é assim. Para lá de certos limites é a confusão, a gratuidade, a loucura. Assim o grande amor se reconhece na morte ou o excesso da razão na confusão ou sofisma ou absurdo ou impensável ou gratuito. Todo o excessivo no homem é desumano ou degenerescência ou vazio. Mas que há de grande no homem senão o excesso de si? E é decerto aí que mora Deus. Ou mais para lá

Vergílio Ferreira, Escrever
Edição de Helder Godinho
Bertrand Editora, 2001





Johann Pachelbel - Canon in D Major from "London Symphony Orchestra

2 comentários:

Bípede Falante disse...

É! O que há?
beijos

mfc disse...

Mas porque é que tudo terá que ser remetido à explicação de Deus, em vez de os homens se bastarem com a sua ignorância?!