5.
Amo as horas escuras do meu ser
em que se aprofundam meus sentidos;
nelas, como em cartas antigas se pode ler,
encontrei meus dias já vividos
e como lenda longínqua a desaparecer.
Delas fico a saber que tenho espaço afinal
para uma segunda vida ampla e intemporal.
E por vezes sou como a árvore ampla
que madura e murmurante, por cima de uma campa
realiza o sonho que o rapaz de outrora
(em redor do qual se apertam raízes calorosas agora)
em tristezas e cantares deitou fora.
Rainer Maria Rilke in, O Livro De Horas
Assírio & Alvin, 2009
http://www.snpcultura.org/id_livro_de_horas_de_rilke.html
1 comentário:
Eu acho que não há mesmo uma segunda oportunidade!
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