Jorge de Sena inicia a sua obra Coroa da Terra com a seguinte dedicatória:
« À Cidade do Porto onde este livro foi, na sua maior parte, vivido e escrito (...)»
Cidade
Imensa, troglodita, ambiciosa,
vai a cidade até à praia;
perdeu no campo as rochas cor-de-rosa,
e o mar, se a busca, evita-a, não desmaia,
antes se ergue negro contra o desconforto.
O rio leva casas debruçadas
que já, com o tempo, foi cavando em arcos
de perfil sem cal, inclinado e morto...
e leva também barcos.
No céu, as nuvens correm desviadas,
enquanto o Sol, em dardos, sobre o mar as crava.
Jorge de Sena, Coroa da Terra, 1946

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