-Artigo de MiYoko Saito-
HAIKAI DA LITERATURA JAPONESA
Miyoko Saito - UFPR
msaito@onda.com.br
(XV EPLE - Encontro de Professores de Línguas Estrangeiras do Paraná
Línguas: culturas, diversidade, integração)
A poesia em Haiku (Haikai) é a forma mais antiga da literatura no Japão. É considerada como a
forma mais sublime de manter sentimentos humanos. É o elemento muito importante que ocupa
uma posição preciosa dentro da literatura japonesa. Existem duas formas de poemas: Tanka
(poemas curtos) e Chôka (poemas longos). Tanka é referido como Waka (poema japonês), porque
esta forma tornou-se a maior corrente de poesia no Japão. O Tanka padrão tem 31 sílabas. Mais
tarde, surgiu Renga (versos ligados) que deu origem ao Haiku. Enquanto Tanka é um poema que
expressa o sentimento puro da pessoa e foi apreciada pelos nobres e aristocratas, o Haiku foi
escrita com uma visão mais objectiva e foi apreciada pelo povo. O formato do poema é
extremamente prensado, as palavras são simples, mas o mundo sugerido dentro dele mostra uma
amplitude imensa, que é o ideal de Haiku. Uma das regras mais importantes em fazer Haiku é
colocar ‘uma palavra da estação’ para que esse pequeno poema seja eficaz. Por exemplo, ‘flor’
significa primavera, e ‘lua’ significa Outono. Actualmente, o Haiku é apreciado pelos estrangeiros,
modificando o número de sílabas.
História de Haiku
O Haiku é um poema que surgiu e se desenvolveu através de longos processos
históricos e culturais. Para podermos entender o nascimento e a evolução do haiku, devemos
remontar ao Manyôshû, antologia poética elaborada no período Nara (século VIII)
(NAKAYAMA, 2002).
O período Nara registrou um grande florescimento das realizações, tanto nos aspectos
políticos quanto nas manifestações culturais. Surgiram as grandes e valiosas obras como
Nihonshoki e Kojiki, que registraram os antigos acontecimentos históricos; Fudoki, que
descreveu os aspectos geográficos nas
regiões. Dentre essas obras está a antologia poética Manyôshû, que reúne cerca de 4.500
poemas (NAKAYAMA, 2002).
Os poemas que compõem Manyôshû são classificados nos seguintes tipos: tanka,
sedôka ,chôka e bussoku sekika. Tanka é o poema composto de cinco, sete, cinco, sete e sete
silabas/sons. Sedôka é constituído de cinco sete, cinco, sete, cinco, e sete silabas/sons. Chôka,
poema longo, é construído de cinco, sete, cinco, sete, cinco, sete e sete silabas/sons. Bussoku
sekika, poemas esculpidos nas estátuas de pedra em forma de pé de Buda; são constituídos de
cinco, sete, cinco, sete, sete e sete sílabas/sons. Dentre desses poemas, tanka exerceu um
papel importante no surgimento de haiku. Tanka, também denominado waka , é o poema
composto de versos de cinco, sete, cinco, sete e sete sílabas. O poema waka subdivide-se em
dois conjuntos. O primeiro é constituído de versos de cinco, sete e cinco sílabas, recebendo o
nome de kaminoku (estrofe anterior). O segundo conjunto é formado de dois versos de sete
sílabas, que se chama shimonoku (estrofe posterior) (NAKAYAMA, 2002).
Na mesma época, surgiram os poemas encadeados chamados de renga. O renga é
constituído da seguinte forma. Uma pessoa compõe um kaminoku (5-7-5 sílabas), uma
segunda pessoa continua o poema com shimonoku (7-7 sílabas); em seguida, uma terceira
pessoa compõe outro kaminoku (5-7-5 sílabas) e assim sucessivamente. O poema composto
dessa maneira foi denominado de renga e recebeu muitos adeptos.
O renga e o haikai nasceram na sociedade aristocrática e eram muito apreciados e
praticados. No entanto, tanto o renga como o haikai logo extrapolaram a comunidade da
nobreza, atingindo outras camadas sociais e se
tornaram cada vez mais um grande modismo popular nos períodos Kamakura e Muromachi.
Muitas vezes, a produção de renga suplantava a de tanka, e finalmente, o renga foi
reconhecido como uma arte literária. Durante o período Nambokuchôm, no ano de 1357, foi
produzido a coletânea de renga,
denominada Tsukubashû. No período Muromachi, surgiu o renga de haikai,
posteriormente denominado renku. A composição do renku é intensamente praticado e
continua até o período Edo, quando Matsuo Bashô, grande haicaista japonês, consolidou o
renku, atribuindo-lhe um aprimoramento literário e artístico (NAKAYAMA 2002, p.254-55).
3. Mundo do Haiku
Tanto o Tanka quanto o Haiku são literaturas do tipo de poesia curta com
características peculiares relacionadas com a história antiga do Japão. Os japoneses apreciam
muito essas poesias que cultivam suas mais delicadas sensibilidades. Os homens e as
mulheres japoneses de nível cultural mais alto apreciavam as emoções provocadas pela
Natureza através da lua, neve e flores.
Podemos dizer que a maioria dos japoneses tem experiência em escrever Tanka ou
Haiku mais de uma vez durante a vida. Além disso, por ser o Haiku um tipo de poesia mais
curto do que o Tanka, é mais freqüente na vida das pessoas.
Enquanto o Tanka é uma poesia pura que expressa o sentimento da pessoa, Haiku é
escrito com uma visão mais objetiva não mostrando os sentimentos. A expressão é
extremamente prensada, as palavras são simples, mas o mundo sugerido dentro da poesia
mostra uma amplitude imensa, que é o ideal de Haiku. Por isso, os poetas antigos pensaram
em um método efetivo para que esse pequeno poema fosse eficaz. Uma das regras importantes
é colocar ‘uma palavra de estação’, que possui a força que sugere a existência de um mundo
profundo por detrás.
A ‘palavra de estação’ deve ser uma palavra que indique o fenómeno da estação
climática, e o Japão é um lugar onde as quatro estações são bem definidas.. Isso influencia na
maneira de sentir dos japoneses e na formação da consciência para o belo. Os poetas antigos
escolheram palavras elegantes para os temas de Tanka, refletindo suas consciências da beleza.
Por exemplo, ‘flor’ significa primavera, enquanto ‘lua’ significa outono (NARUSE; ABE
1986 p.114).
Por outro lado, o Tanka foi considerado como literatura da nobreza e tentou se
expressar com a máxima elegância. Já o Haiku foi considerado como literatura do povo,
como uma arte que trata do mundo simples, livre nas expressões. Por isso, os temas
escolhidos foram as coisas simples que acontecem na vida quootidiana, que foram rejeitados
pelos poetas de Waka (NARUSE; ABE 1986 p. 77)
Algumas palavras em relação às estações do ano.
Primavera:
Haru kaze (vento da primavera), haru no yama (montanha da primavera),
Kawazu (sapo), chocho (borboleta), sakura(cerejeira)
Verão:
Samidare (chuva de maio), niji (arco-íris), semi (cigarra), hotaru (vagalume),
Himawari (girassol)
Outono:
Aki no sora (céu do outono), meigetsu (lua cheia), tombô (libélula), ringo (maçã), kiku
(crisântemo)
Inverno:
Hatsuyuki (primeira nevada), koori (gelo), usagi (coelho), kono ha (folha de árvore),
kantsubaki (camélia)
HAIKAI DA LITERATURA JAPONESA
Miyoko Saito - UFPR
msaito@onda.com.br
(XV EPLE - Encontro de Professores de Línguas Estrangeiras do Paraná
Línguas: culturas, diversidade, integração)
A poesia em Haiku (Haikai) é a forma mais antiga da literatura no Japão. É considerada como a
forma mais sublime de manter sentimentos humanos. É o elemento muito importante que ocupa
uma posição preciosa dentro da literatura japonesa. Existem duas formas de poemas: Tanka
(poemas curtos) e Chôka (poemas longos). Tanka é referido como Waka (poema japonês), porque
esta forma tornou-se a maior corrente de poesia no Japão. O Tanka padrão tem 31 sílabas. Mais
tarde, surgiu Renga (versos ligados) que deu origem ao Haiku. Enquanto Tanka é um poema que
expressa o sentimento puro da pessoa e foi apreciada pelos nobres e aristocratas, o Haiku foi
escrita com uma visão mais objectiva e foi apreciada pelo povo. O formato do poema é
extremamente prensado, as palavras são simples, mas o mundo sugerido dentro dele mostra uma
amplitude imensa, que é o ideal de Haiku. Uma das regras mais importantes em fazer Haiku é
colocar ‘uma palavra da estação’ para que esse pequeno poema seja eficaz. Por exemplo, ‘flor’
significa primavera, e ‘lua’ significa Outono. Actualmente, o Haiku é apreciado pelos estrangeiros,
modificando o número de sílabas.
História de Haiku
O Haiku é um poema que surgiu e se desenvolveu através de longos processos
históricos e culturais. Para podermos entender o nascimento e a evolução do haiku, devemos
remontar ao Manyôshû, antologia poética elaborada no período Nara (século VIII)
(NAKAYAMA, 2002).
O período Nara registrou um grande florescimento das realizações, tanto nos aspectos
políticos quanto nas manifestações culturais. Surgiram as grandes e valiosas obras como
Nihonshoki e Kojiki, que registraram os antigos acontecimentos históricos; Fudoki, que
descreveu os aspectos geográficos nas
regiões. Dentre essas obras está a antologia poética Manyôshû, que reúne cerca de 4.500
poemas (NAKAYAMA, 2002).
Os poemas que compõem Manyôshû são classificados nos seguintes tipos: tanka,
sedôka ,chôka e bussoku sekika. Tanka é o poema composto de cinco, sete, cinco, sete e sete
silabas/sons. Sedôka é constituído de cinco sete, cinco, sete, cinco, e sete silabas/sons. Chôka,
poema longo, é construído de cinco, sete, cinco, sete, cinco, sete e sete silabas/sons. Bussoku
sekika, poemas esculpidos nas estátuas de pedra em forma de pé de Buda; são constituídos de
cinco, sete, cinco, sete, sete e sete sílabas/sons. Dentre desses poemas, tanka exerceu um
papel importante no surgimento de haiku. Tanka, também denominado waka , é o poema
composto de versos de cinco, sete, cinco, sete e sete sílabas. O poema waka subdivide-se em
dois conjuntos. O primeiro é constituído de versos de cinco, sete e cinco sílabas, recebendo o
nome de kaminoku (estrofe anterior). O segundo conjunto é formado de dois versos de sete
sílabas, que se chama shimonoku (estrofe posterior) (NAKAYAMA, 2002).
Na mesma época, surgiram os poemas encadeados chamados de renga. O renga é
constituído da seguinte forma. Uma pessoa compõe um kaminoku (5-7-5 sílabas), uma
segunda pessoa continua o poema com shimonoku (7-7 sílabas); em seguida, uma terceira
pessoa compõe outro kaminoku (5-7-5 sílabas) e assim sucessivamente. O poema composto
dessa maneira foi denominado de renga e recebeu muitos adeptos.
O renga e o haikai nasceram na sociedade aristocrática e eram muito apreciados e
praticados. No entanto, tanto o renga como o haikai logo extrapolaram a comunidade da
nobreza, atingindo outras camadas sociais e se
tornaram cada vez mais um grande modismo popular nos períodos Kamakura e Muromachi.
Muitas vezes, a produção de renga suplantava a de tanka, e finalmente, o renga foi
reconhecido como uma arte literária. Durante o período Nambokuchôm, no ano de 1357, foi
produzido a coletânea de renga,
denominada Tsukubashû. No período Muromachi, surgiu o renga de haikai,
posteriormente denominado renku. A composição do renku é intensamente praticado e
continua até o período Edo, quando Matsuo Bashô, grande haicaista japonês, consolidou o
renku, atribuindo-lhe um aprimoramento literário e artístico (NAKAYAMA 2002, p.254-55).
3. Mundo do Haiku
Tanto o Tanka quanto o Haiku são literaturas do tipo de poesia curta com
características peculiares relacionadas com a história antiga do Japão. Os japoneses apreciam
muito essas poesias que cultivam suas mais delicadas sensibilidades. Os homens e as
mulheres japoneses de nível cultural mais alto apreciavam as emoções provocadas pela
Natureza através da lua, neve e flores.
Podemos dizer que a maioria dos japoneses tem experiência em escrever Tanka ou
Haiku mais de uma vez durante a vida. Além disso, por ser o Haiku um tipo de poesia mais
curto do que o Tanka, é mais freqüente na vida das pessoas.
Enquanto o Tanka é uma poesia pura que expressa o sentimento da pessoa, Haiku é
escrito com uma visão mais objetiva não mostrando os sentimentos. A expressão é
extremamente prensada, as palavras são simples, mas o mundo sugerido dentro da poesia
mostra uma amplitude imensa, que é o ideal de Haiku. Por isso, os poetas antigos pensaram
em um método efetivo para que esse pequeno poema fosse eficaz. Uma das regras importantes
é colocar ‘uma palavra de estação’, que possui a força que sugere a existência de um mundo
profundo por detrás.
A ‘palavra de estação’ deve ser uma palavra que indique o fenómeno da estação
climática, e o Japão é um lugar onde as quatro estações são bem definidas.. Isso influencia na
maneira de sentir dos japoneses e na formação da consciência para o belo. Os poetas antigos
escolheram palavras elegantes para os temas de Tanka, refletindo suas consciências da beleza.
Por exemplo, ‘flor’ significa primavera, enquanto ‘lua’ significa outono (NARUSE; ABE
1986 p.114).
Por outro lado, o Tanka foi considerado como literatura da nobreza e tentou se
expressar com a máxima elegância. Já o Haiku foi considerado como literatura do povo,
como uma arte que trata do mundo simples, livre nas expressões. Por isso, os temas
escolhidos foram as coisas simples que acontecem na vida quootidiana, que foram rejeitados
pelos poetas de Waka (NARUSE; ABE 1986 p. 77)
Algumas palavras em relação às estações do ano.
Primavera:
Haru kaze (vento da primavera), haru no yama (montanha da primavera),
Kawazu (sapo), chocho (borboleta), sakura(cerejeira)
Verão:
Samidare (chuva de maio), niji (arco-íris), semi (cigarra), hotaru (vagalume),
Himawari (girassol)
Outono:
Aki no sora (céu do outono), meigetsu (lua cheia), tombô (libélula), ringo (maçã), kiku
(crisântemo)
Inverno:
Hatsuyuki (primeira nevada), koori (gelo), usagi (coelho), kono ha (folha de árvore),
kantsubaki (camélia)
1 comentário:
Poesia simples e concisa, e que em poucas palavras se diz tanto.
Sou uma fã de Haikai(s).
Bjs
Anabela
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