10/05/2010

António Ramos Rosa

Não posso adiar o amor para outro século

não posso
ainda que o grito sufoque na garganta
ainda que o ódio estale e crepite e arda
sob as montanhas cinzentas
e montanhas cinzentas


Não posso adiar este braço
que é uma arma de dois gumes amor e ódio


Não posso adiar
ainda que a noite pese séculos sobre as costas
e a aurora indecisa demore
não posso adiar para outro século a minha vida
nem o meu amor
nem o meu grito de libertação


Não posso adiar o coração.


António Ramos Rosa

3 comentários:

Bípede Falante disse...

Muito bonito.

Charlie B. disse...

adiar o coração é ruim, é como parar de viver, é como está no fim, sem saída, sem ter o que fazer..

Charlie B.

Gerana Damulakis disse...

Bonito é pouco. É estupendo. O poema é um grito de desespero,o desespero de não puder adiar. Vou simplesmente, por conta deste poema, mergulhar em Ramos Rosa. Não posso adiar, tenho que conhecer mais e mais, conheço poucos poemas dele.