09/07/2012

Recomeçar

                                                                     Águas-furtadas
                                                             Óeo sobre Tela 120x120cm
                                                              de  António Tapadinhas


A noite chega devagar. Vejo nitidamente outras águas furtadas do casario (roubadas ao céu) numa regência de vários séculos. O Douro, quase a chegar a S. João da Foz , espraia-se na ânsia do seu regaço.
Das águas furtadas as vidas são  aconchegantes. Partilham-se sonhos pelas paredes que tocam o céu. As prateleiras como uma segunda pele, envolvem-nas voluptuosamente. Em reminiscências intemporais da mesma completude.
Entre as estrelas e as luzes espelhadas no rio, às vezes (a custo) escolho.
Os livros ainda nos caixotes. Abraçados, como um clã de suricatas. Ali, têm sono, muito sono, todo o sono. E talvez sonhem com florestas ou palavras ausentes.


(Agradeço ao António Tapadinhas, a amabilidade na divulgaçao da imagem da sua pintura 
 Águas-furtadas, assim como das suas amáveis palavras) 

2 comentários:

AC disse...

Recomeçar implica sempre um novo olhar, mais atento, como se de uma necessidade de apaziguamento como a nova paisagem antes do abrir as malas.

Beijo :)

limalimão disse...

Sim Ac, recomeçar é sair vitorioso num novo olhar (mesmo sabendo que quase tudo é impossuível.

Beijo